quinta-feira, 29 de julho de 2010

Olhos Vagos Cheios D'água


Percebi, há 30 minutos atrás, que é possível chorar sem deixar cair uma só lágrima dos olhos. Comprovei que é bem pior do que dar vazão àqueles pingos salgados, tristes e injuriados, que descem imperceptivelmente em nossas faces quando algo nos aflige. Esperei, ansioso ou desgostoso, uma gota ou pelo menos um lacrimejo ocular que, provavelmente, resultaria no que eu tanto esperava. Decidi desistir, quando o aperto no peito passara e a lágrima de dor não viera. Então presumi que tudo ficou na minha garganta, ou que o motivo entristecedor não era forte o bastante para impulsionar uma lágrima nos olhos encolhidos. Talvez a importância dessa gota sutil seja maior do que imaginamos. Se formos pensar nos casos especiais nos quais expelimo-a, poderemos chegar à tal conclusão. Chorar é complexo: tanto um bocejo como areia nos fazem; tanto gargalhadas quanto decepções nos fazem; tanto susto como expectativa nos fazem; tanto amor como ferida nos fazem chorar. O próprio caráter esporádico do choro já o caracteriza como algo único, diferente e importante. Quando forte, o peito balança (vez em quando) ofegante por três vezes; é como se o coração quisesse sair daquele lugar apertado... ou por estar cansado de bater acelerado em vão ou por não saber bater em ritmo lento, não saber viver sem motivação. Quando de felicidade, troca vezes com o sorriso que, quase sempre sendo oposto, faz casal bonito com as lágrimas, que desviam pelos cantos dos lábios abertos, exprimindo litros de sorriso e horas de lágrimas. As medidas até se confundem! Talvez por isso não saibamos medir o valor de uma lágrima e, quase sempre, não possamos sentir o quanto a mesma afoga. Só é possível medir a profundidade de uma lágrima, quando se sabe o diâmetro em que se encontra o coração.

1 comentários:

Universo Cidade disse...

sei bem,esses dias isso aconteceu ... das mais variadas formas .nas mais variadas situações"

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